Sunday, August 13, 2006

A curiosidade matou o rato



Era uma vez, em uma pequenina cidade não muito longe daqui, um velho pizzaiolo chamado Lucello, que morava num pequeno apartamento com sua filha de 7 anos. Ficava em cima de uma pequena taverna a qual o administrava, servindo pizzas e algumas bebidas para os frequentadores do vilarejo. Sua filha, apesar de jovem, ajudava-o a preparar as massas e molhos das deliciosas pizzas que preparava nas frias noites para os famintos visitantes.

Lucello trabalhava todos os dias, sem descanso. Relativamente sem descanso, poderíamos dizer, já que era comum ouví-lo sempre dizer que amava tanto o seu trabalho que não podia nem chamá-lo de trabalho. Assim, dia após dia, acordava sempre muito cedo para começar a preparar as massas, enquanto sua filha dormia um pouco mais. Lucello só saía de casa aos domingos, para comprar tomates, ervas finas e outros condimentos que utilizava no preparo das suas famosas pizzas. Era quando aproveitava para passear com sua pequena filha Júlia, que adorava quando seu pai a deixava brincar de esconde-esconde na feira com as outras crianças.

Certa feita, porém, por motivo desconhecido, Lucello acordou e ainda era muito escuro. Tentou voltar a dormir mas não conseguia. Algo chamava sua atenção, até descobrir que era uma música que vinha do quarto de sua filha. Levantou-se silenciosamente e descobriu que, além dos sons de sininhos melódicos uma certa claridade também irradiava do quarto. Intrigado apressou o passo e colocou a cabeça na porta e o que viu, acreditem, arrepiou-lhe os cabelos dos pés à cabeça. Só que essa é um outra história e voltaremos a ela em breve.

Isso porque no mesmo momento em que Lucello olhava estupefato pela porta do quarto da filha no meio da madrugada, um mendigo que dormia bem em frente da taverna, também acordou com a claridade vinda do quarto da menina e depois de piscar os olhos por alguns momentos deixou cair a garrafa vazia de vinho barato que dormia abraçada consigo. Como estava sentado, a garrafa caiu de uma pequena altura. Não foi suficiente para que se quebrasse, mas foi responsável por atingir a cabeça de um pequenino camundongo que roía os farelos de pão que o mendigo havia jantado. O camundongo perdeu os sentidos e ali caiu, mergulhando num coma típico de roedores, que os fazem cair de barriga pra cima e a língua pendida para o lado esquerdo, com os dentinhos frontais à mostra. Deixemos pois o mendigo boquiaberto com a luminosidade por uns instantes e acompanhemos o camundogo a qual chamaremos de Míquei, por pura falta de criatividade e claro, por naquela ocasião o pequeno roedor não estar portando devidamente sua cédula de identidade.

Míquei havia parado há poucos metros adiante com o susto, e quando virou-se para checar se a garrafa ainda oferecia perigo pode constatar, aterrorizado, que o seu pequeno corpinho encontrava-se estatelado ao lado do mendigo boquiaberto. Ele então olhou para si mesmo e percebeu-se flutuando a certa altura do chão, coisa que não é comum em camundongos como ele. Assustou-se com a possibilidade de ter morrido, já que era pai de família - 36 filhotes - e sua esposa ainda o esperava em casa para o jantar. Com sua agora translúcida aparência, era bastante leve e se ligava ao seu corpo por um longo cordão de prata, que se esticava enquando se movia, bem parecido com o queijo muzzarela das pizzas de Lucello.

Ops, quase me esquecia de Lucello, mas chegarei já já a ele. ;-) Míquei enquanto dava piruetas no ar percebeu uma certa claridade e uma singela música que vinha de uma janela logo acima dele. Tipicamente curioso, como é comum entre os roedores, foi em direação á janela descobrir o que se passava. Antes porém que coseguisse chegar ao parapeito, sentiu um saculejo no cordão que o ligava ao corpo tal como uma pipa. Olhou para baixo e viu um gato negro que lambendo os beiços cutucava seu corpo inerte, preparando para devorá-lo. Tentou gritar mas não adiantou. Sua salvação foi a curiosidade típica também dos felinos que fez o gato olhar para a claridade vinda da janela de Júlia, que mais parecia um grande farol de navios, tamanha era a claridade. O gato saltou na janela e congelou-se assim que olhou para dentro do quarto, tamanho era sua surpresa. Além da porta encontrava-se Lucello parado na porta do quarto. E a origem daquela claridade e da misteriosa música era enfim...

(ATENÇÃO: CONTO INTERATIVO. Prezados leitoras e leitores, queiram por gentileza escrever aqui o que o gato e Lucello viram, o que Míquei quase viu e o que o mendigo de longe não conseguiu ver no quarto de Júlia. A melhor resposta ganhará inteiramente grátis uma fotografia especial de Míquei, o rato esotérico e viajante astral.)